domingo, 23 de janeiro de 2011

Exagero nos Media

É com alguma indignação, que tenho acompanhado o caso de homicídio mais badalado dos últimos anos em Portugal.
Os portugueses gostam do mórbido, não é uma opinião é um facto. As noticias mais mórbidas, os factos mais sórdidos são os que mais vendem, como tal a comunicação social, que deixou de se interessar por noticiar, relata o que alimenta financeiramente os grupos de Media.
O caso de homicídio, de uma figura do colunismo social português, em terras do tio Sam, fez esquecer a campanha eleitoral, fez até esquecer a crise. Abertura de telejornais, directos de New York com tempos de satélite dignos de grandes noticias, debates, entrevistas…sei lá, um disparate pegado!
Não entendo a relevância do facto. Quantas pessoas são assassinadas por dia em Portugal? Quantos portugueses morrem ou são assassinados todos os dias no estrangeiro? Alguns, para não dizer muitos. Quantos são noticia? Pouquíssimos. Nem tem que ser, se não desgraçados daqueles que só tem os quatro canais generalistas, emitidos por antena, sem hipótese de “fuga” para outros canais fornecidos no cabo, passariam o dia a ver/ouvir relatos mórbidos e fatalistas das desgraças alheias.
É um exagero o que se tem passado, relatado, noticiado sobre um miúdo, que fez uma escolha errada, que por ter tido pouco discernimento, provavelmente falta de apoio ou aconselhamento, que lhe travassem as ganas de subir na vida, cometeu um crime. Para todos os efeitos, um crime como muitos outros que ocorrem todos os dias, todas as horas, sobre uma pessoa que também ela era um comum cidadão, sem qualquer relevância no panorama nacional. Era dispensável toda a “publicidade” que se tem feito, de um caso triste, mas que infelizmente é comum.
Ainda hoje passadas mais de duas semanas, a “notica” merece mais de um minuto de tratamento nos principais telejornais. A família está indignada com o tratamento do consulado português em New York! Ainda “ninguém” da família do rapaz falou para a comunicação social, mas no entanto já todos sabemos o qua a mãe e o pai andam a fazer.
Pelo que me parece, a família mais próxima, são pessoas sensatas. Os pais irão fazer tudo, para proteger e tentar tornar menos doloroso o futuro do seu descendente. Parece-me uma atitude própria de pais que geraram um filho conscientes do que acarreta fazer um filho. Faremos sempre tudo, mas mesmo tudo o que podermos para minorar o sofrimento dos nossos descendentes, independentemente de eles errarem ou não, até poderemos reconhecer os seus erros, mas temos um “perdoador” eterno para os filhos, que lhes desculpa o que muitas vezes nem é sensato perdoar.
O rapaz cometeu um crime, homicídio, confessou. É daqueles crimes, que em minha opinião não tem atenuantes. Retirar a vida a outra pessoa, seja porque motivo for, não é um acto desculpável ou que possa ser permitido a quem quer que seja. Há que acarretar com as consequências, o rapaz no entanto teve “azar”, cometeu o crime num país, onde a justiça funciona. As penas são mais adequadas ao tipo de crime que se comete, a rapidez com que é executada faz crer que há justiça.
Outra das coisas que não entendo, é a mobilização, criação de contas bancarias e associações para angariar fundos com o intuito de ajudar o criminoso.
Um destes dias, vou abrir um conta, vou criar uma associação para permitir que todos os bons corações que por ai andam e que gostam tanto de ajudar, me ajudem a mudar de vida. Tenho o meu registo criminal limpinho, se calhar vou ter que cometer um crimezinho qualquer para passar a ser uma “vitima” a ser ajudada!
Com tanta gente a precisar de ajuda de verdade, a passar fome e viver na miséria, ajudam-se facilmente os que estão longe e de vitimas não tem nada, e não se olha para as desgraças que estão ao pé da porta.
É tudo uma questão de justiça, há que ser justo, há que fazer justiça. Nos dias de hoje e em Portugal é sem duvida um dos bens que vai rareando. 
É tudo uma questão de "publicidade" na comunicação social, são os Media que vão moldando as opiniões e atitudes de uma população que tem um "fraquinho" pela desgraça alheia!

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