quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Portugal


Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, professor na Universidade de Estrasburgo. Tomo a liberdade de o publicar, porque concordo em absoluto com tudo o que foi escrito. Para ler com olhos de ler!

"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união.
Foi o país onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.
A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado. Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade. À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países.
Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.
A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem lenta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.
Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios." Jacques Amaury

domingo, 26 de agosto de 2012

Palhaçada!!!!!!


Vivemos uma verdadeira palhaçada!!!!!!!!!!!!
Toda a merda faz subir o preço dos combustíveis!!!!! Já no que toca a descer......não são as mesmas premissas! Tudo depende da vontade de quem decide!
Ninguém vai parar isto?
Onde é que andam os profissionais da camionagem? Os taxistas? Quem usa viatura para trabalhar?
Vamos continuar a permitir que as gasolineiras, atirem com o que sobra da nossa actividade económica, para a falência?
A Galp vai nos "chular" sem dó nem piedade! Os LUCROS subiram 56,7% no 1º semestre.....então está-se mesmo a ver, como o consumo é cada vez menor e o lucro vai ter que se manter, "paga e não bufa", é o que nos espera para o 2º semestre!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Gente com muito curriculum....


O que não falta por ai, é gente a dar palpites. Senhores professores, doutores e engenheiros, mestres em dizer o que há a fazer. Mestres em identificar todos os males do país. Mestres em apresentar soluções que afinal ninguém põe em pratica, ou quando põe, se mostram ruinosas. Gente com muito currículo, formada em universidades estrangeiras, mestrados noutras universidades ainda mais conceituadas, doutorados no top five mundial. Ocupam posições de destaque em bancos e empresas de reputação internacional. Tudo do melhor que pode haver.
Em minha opinião só tem uma lacuna, coisinha sem importância, desconhecem por completo o país que lhes dá tempo de antena para darem palpites. Quando é que esta gente sai à rua e tenta perceber a realidade em que vivem os seus concidadãos? Quando é que saem sem motorista ou sem batedores da policia, para tentarem perceber as dificuldades reais de locomoção com que todos os dias somos confrontados? Quando é que esta gente tenta conviver, com a realidade que é o nosso país, onde a grande maioria conta os tostões todos os meses para poder chegar ao fim do mês com as refeições em dia?
É fácil estar sentado numa secretária, em ambiente climatizado, analisando  números e actualizando os seus conhecimentos através da imprensa internacional. Difícil é ter que dizer aos filhos que não se pode comprar, porque o dinheiro não chega nem para comer, quanto mais para pagar a conta de Internet!
Tenho tido o privilégio, de trabalhar noutros países. Tenho tido a possibilidade de passar férias fora de Portugal. E posso-vos garantir que a ideia com que ficamos das realidades locais são bem diferentes. Já estive de férias em locais onde também já estive em trabalho. Uma coisa não tem nada a ver com outra!
Quando estamos de férias até podemos ter a percepção do que se passa à nossa volta. Mas uma coisa é ter a percepção, outra coisa é ter que viver essa mesma realidade.
Numa das viagens que fiz em trabalho, fui confrontado com algo que me aborreceu nos dois primeiros dias da minha estadia. Quando eu voltava do almoço, as pessoas a que comigo trabalhavam de manhã, não apareciam ou estavam meio “adormecidas” da parte da tarde, o que tornava as tardes muito pouco ou nada produtivas. No primeiro dia vi, não gostei mas não me manifestei. Ao segundo dia, percebi que aquele iria ser o “ritual”, achando descabido, falei com o responsável local. Em meu entender estavam-se a desperdiçar recursos financeiros sem o aproveitamento que seria desejável, eu estava lá, disponível, podendo ajudar muito, e só estava a ajudar um bocadinho.
A resposta mudou a minha forma de ver a vida! As pessoas que “desapareciam” a seguir ao meu almoço, faziam-no porque o corpo não dava para mais. Acordavam ás cinco da manhã, caso tivessem conseguido dormir por causa do mau tempo. Eu acordava pouco antes das oito, bem dormido, num quarto de hotel, com todas as mordomias ao meu dispor. Tomavam a única refeição do dia com sol, dependendo do que tinham conseguido arranjar no dia anterior. Eu tomava um pequeno almoço muito bom, onde não faltava nada. Para chegarem ao local de trabalho, caminhavam em média três horas. O meu motorista, chegava pontualmente à hora marcada, para me conduzir durante cinco minutos, em ambiente climatizado, pois às nove da manhã o calor que já se fazia sentir “punha-me” a transpirar ao mínimo esforço. Pouco depois do meio dia eu ia almoçar, sempre aos melhores restaurantes da cidade. Mas os meus “colegas” não, permaneciam nas instalações. Tentando gastar o mínimo das energias possíveis, porque o que tinham abastecido de manhã, tinha que dar até à noite, quando chegassem a casa, depois de caminharem o percurso de volta, onde iriam comer o que houvesse disponível.
Como é que eu iria poder “exigir” daquela gente que desse o mesmo rendimento que eu, quando as realidades eram tão distintas? A partir do terceiro dia no meu pequeno almoço e mesmo ao almoço, providenciei alguns viveres para poder alimentar aqueles que até queriam, mas em virtude das carências, não podiam ter a disponibilidade que eu achava adequada.
Se eu me tivesse limitado a criticar, se não tivesse “vivido” e entendido a realidade local, ninguém iria ficar a lucrar. Eles teriam gasto uma boa maquia, que não teria o proveito que era pretendido. Eu teria saído do país em causa com a sensação que o meu conhecimento não tinha sido rentabilizado ao máximo, que poderia ter feito muito mais!
Não foi isso que aconteceu, adorei trabalhar com pessoas, que embora muito modestas e com muitas carências, dão tudo o que tem para dar.
É esta falta de entendimento e de vivências, que em minha opinião, falta aos senhores que mandam “postas de pescada” e acabam por decidir, sentados em gabinetes, lendo o New York Times, mas que não fazem a mínima ideia de como se vive em S. Martinho das Amoreiras ou em Moimenta da Beira.
Para que serve um posto médico completamente equipado, se falta o principal: o médico?    

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

É difícil mas não impossível!


O meu carácter bem disposto e optimista, tem-me coibido de escrever (há desculpas piores)!Não querendo fazer deste espaço um muro de lamentações e de mal dizer, tenho preferido não publicar mais do mesmo. 
A onda negativa que enfrentamos todos os dias, não nos deixa muita margem de manobra para a boa disposição. Tendo em conta que a escrita não é a minha profissão, a minha “imaginação” está muito dependente das influências directas que vou vivendo. As noticias que nos são “oferecidas” pelos “media” são um dos caminhos para a depressão. O ambiente que se vive no sector das artes gráficas, ao qual me dedico em “regime profissional”, confirmam o caminho. Apesar de não viver directamente as dificuldades do sector, não fico indiferente ao que se passa à minha volta. Todos os dias, ou quase todos, sou confrontado com mais uma empresa que fechou, mais uma que não paga salários há dois meses, muita gente a viver a “balões de soro”. Por muito optimismo e boa disposição “residente”, é difícil não ser afectado pelo negativismo e pessimismo que nos rodea.
Quando critico o que quer que seja, é porque tenho uma alternativa que julgo, no meu ponto de vista, ser melhor. Não tenho por habito dizer mal, só por dizer, não sou do contra só para marcar presença. As criticas, as chamadas de atenção tem que ter um lado construtivo, não devemos ficar indiferentes ao que não nos agrada, mas temos que saber porque não nos agrada, temos que explicar porque seria melhor de outra forma, como faríamos diferente.
Constato que nestes tempos de dificuldade que vivemos, a grande maioria critica, diz mal. No entanto apresentar alternativas, com pés e cabeça, fazer diferente do que tanto criticam, mostrar o caminho e dar exemplos só mesmo uma pequena minoria sem expressão. O lado solidário do povo Português, que tantas vezes é realçado, a quando de calamidades, quase sempre naturais, que afectam outros povos e regiões, está posto de lado no que à crise diz respeito. A desunião e o egoísmo só fortalecem os que de forma menos honesta e séria tentam lucrar com as necessidades e carências de quem realmente precisa. São necessários consensos, é preciso tocar a reunir. Cada vez tenho mais dificuldade em aceitar as pessoas que se limitam a ver os erros alheios, que não tem outra preocupação se não mostrar o lado menos bom da “coisa”. Não consigo (nem quero) entender os seres que não vem mais longe que o próprio umbigo, mas convencidos que conhecem todos os umbigos do mundo, como tal capazes de “botar” sentença em tudo o que lhes chega aos ouvidos.
Há uns tempos atrás, quando falava com alguém conhecedor sobre os problemas da realidade Angolana, o mesmo alertou-me, para o tempo necessário que levariam as coisas a mudar, em opinião dele, cerca de 50 anos. As gerações que hoje traçam os destinos de Angola, vivem todas elas sobre as marcas da guerra. Umas directamente, porque a fizeram, lutaram nela. Outras de forma indirecta, porque foram obrigados a aprender a sobreviver em consequência da mesma. Conclusão: gente com horizontes limitados por força das suas vivências, no entanto são essas gentes, que educam e transmitem os seus conhecimentos às gerações mais novas e até mesmo às futuras. Como só podem transmitir o que sabem ou conhecem, levará alguns anos, 50 na opinião desse meu amigo, até que a sociedade crie novos hábitos e novas formas de actuar.
Pois o que eu penso, é que por cá passa-se mais ou menos o mesmo. Sem fazer comparações, porque são sociedades muito distintas, também em Portugal, vamos levar muitos anos, até que se criem novos hábitos, novas formas de pensar e sobretudo novas formas de actuar. Os valores e a forma de agir da grande esmagadora das nossas gentes, vão ter que mudar. Se queremos fazer parte do grupo dos países mais desenvolvidos, temos que aproximar os nossos valores dos deles. Não podemos estar eternamente à espera, que alguém resolva todos os problemas por nós. As boas ideias tem que ser aproveitadas, venham lá elas de onde vierem. Não podemos continuar a viver de forma tão complexada e tão mesquinha, esquecendo que o futuro é amanhã, depois de amanhã e todos os outros dias que se seguem.
Corremos de uma forma desenfreada sem pensar, não percebendo que estamos a liquidar o presente e o futuro dos que mais queremos e amamos: os nossos filhos.
“Bater no ceguinho” é algo que não me agrada. Mas tal como diz o ditado: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!”
Não vou conseguir mudar o mundo, mas tento!