sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dizer o que se pensa

No nosso país ninguém anda contente, nem agora nem nunca!
Temos por habito dizer mal de tudo e de todos, temos o terrível habito de protestar por dá cá aquela palha! Mas normalmente quando chega a hora da verdade, ou seja a hora de dar a cara, quem pode esconde-se.
As pessoas tem medo de dizer o que pensam, as pessoas não sabem dizer o que pensam!
Tenho tido alguns amargos de boca por dizer o que penso, tenho perdido algumas coisas por ser decidido na defesa dos meus pontos de vista. Nunca ninguém me ouviu dizer que as minhas ideias ou pontos de vista são os mais correctos, ou os únicos que são validos. Mas são os meus, é por eles que tenho que me bater! A minha consciência é o mais importante que transporto comigo todos os dias, não consigo imaginar o que seria deitar-me e não conseguir adormece-la. Tenho ganho muito mais por dizer sempre o que penso!
Vamos vivendo e mudando de opiniões, vamos aperfeiçoando o nosso carácter, a nossa forma de viver.
Há coisas que são desagradáveis de dizer, que quando as dizemos, quem nos ouve não vai gostar. É assim a vida, não podemos andar todos felizes…ou talvez possamos! Se o que há de desagradável a dizer, for dito de uma forma menos bruta, lá porque o contexto é desagradável a forma não tem que ser também! Se quem nos ouve dizer as coisas desagradáveis, tiver o habito de ouvir dizermos coisas agradáveis, quando elas ocorrem, vai ser muito mais tolerante e compreensivo! Se quem nos vai ouvir dizer coisas desagradáveis, tiver o habito de nos ouvir admitir os erros e as faltas que cometemos, vai perceber que avaliamos as falhas por aquilo que elas valem e não por quem as comete!
Estas são algumas formas de se dizer o que se pensa sem tornar os outros tão infelizes!
Eu sei, porque também sou assim, que muitas vezes não conseguimos conter os nossos impulsos. Aquilo que nos vêem à boca sai de uma forma abrupta e pouco ponderada, muitas vezes acabemos por dizer aquilo que não queremos da forma menos correcta, tanto para quem está a ouvir, como para quem está a dizê-lo. Sim porque muitas vezes ao deixarmos que o coração passe à frente da boca acabamos por nos magoar, fomos brutos e mal tratamos quem não merece, criando em nós uma magoa e um mal estar que nos incomoda!
Com a idade, consequencia da experiência que vamos adquirindo, vamos sendo mais ponderados, mais sensatos, conseguimos reflectir num curto espaço de tempo, conseguimos evitar dizer algumas asneiradas das quais normalmente nos “arrependemos”. Esta ponderação não é sinónimo de ficarmos calados quando somos agredidos, não é sinónimo de deixarmos de dizer o que pensamos quando o temos que dizer. O que esta ponderação consegue alcançar, é uma forma muito mais inteligente de dizer e de conseguir o que queremos sem para que tal baixemos de nível, sem para que tal molestemos os outros de forma injustificada.
Dizer o que se pensa, mesmo que para isso seja necessário o confronto directo, é uma caractristica de poucos. Muitas vezes as pessoas para “evitarem” chatices, deixam de dizer o que pensam, ficam a remoer, vão acumulando, como consequência explodem quando a tampa salta. E quando salta, normalmente as coisas não tem remédio.
Eu sou mais apreciador do estilo: - “O que tem que ser, tem muita força”; “ não deixes para amanhã o que podes dizer hoje”. Tenho a ideia de quem usa este estilo, tem menos amargos de boca, menos desilusões. É verdade que normalmente estas pessoas ou são amadas ou odiadas, não passam de forma indiferente pela vida, nem deixam os outros indiferentes. As relações são menos hipócritas, os amigos são mesmo amigos, e os que não são, não aquecem nem arrefecem. Sabemos com quem podemos contar ou não, sabemos quem se quer aproveitar do facto de andar sempre alguém na cabeça do touro! Eu gosto que gostem de mim, gosto dos que gostam de mim, mas também gosto de saber quais são os que não podem comigo. Assim não faço fretes…nem fazem fretes comigo!
Dizer o que se pensa e o que se sente, devia de ser um principio de todos, a nossa vida seria muito mais sincera e muito mais feliz! Não temos, que eu saiba, a capacidade de adivinhar o que os outros pensam, quando as pessoas falam as pessoas entendem-se, logo haveria menos mal entendidos e mais pessoas satisfeitas.
Haveria um mundo melhor!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Profissionais

Um dos males que o nosso país padece é da falta de profissionalismo, da falta de empenho com que cada um leva a cabo as tarefas para que está incumbido.
O mal não é geral, mas há uma grande quantidade de maus profissionais.
Alguns não desempenham bem o seu trabalho por falta de conhecimentos, falta de apetência para o cargo, estes são erros de “Casting”. Quem os escolheu não foi suficientemente perspicaz para perceber que estava a escolher a pessoa desadequada, ou então talvez pensa-se que a mesma pessoa “merecia” uma oportunidade. Não deixa de ser um erro de Casting, as pessoas merecem quando fazem por merecer, quando o seu trabalho meritório a isso justifica, não se merece nada só porque se tem os olhos de uma cor bonita.
Há outras pessoas que são maus profissionais, porque fazem questão de o ser! Quem trabalha e não desempenha o seu labor com dedicação e empenho, muitas vezes mais valia ficar em casa. Não consigo entender quem sabe que está a trabalhar mal mas continua a sua senda.
Não consigo entender as pessoas que cometem as mesmos erros de forma sistemática. Detesto fazer o mesmo trabalho duas vezes, não há nada que me irrite mais, ter que repetir um trabalho porque a primeira vez não ficou bem feito. Eu sei que acontece, a mim também e eu considero-me um bom profissional, mas não é daqueles a quem acontece uma vez sem exemplo que me estou a referir, mas sim dos que de vez em quando acertam uma!
Todos sabemos que por estas bandas dizer mal seja do que for e de quem for é fácil e usual, então os maus profissionais, conseguem ter desculpa para tudo responsabilizando os outros dos seu fracassos, normalmente os responsaveis pelos seus erros são os chefes, directores ou patrões. Normalmente os maus profissionais tem uma caractristica típica, sabem sempre tudo! Quando alguém lhes manda fazer alguma coisa, fica a partir desse momento com a certeza, que se o trabalho corre bem, foi porque o seu subordinado deu a volta ao assunto e lá “desemerdou” o chefe/director/patrão. Se a coisa corre mal, foi porque quem lhe passou o trabalho é um incompetente, e não viu que o estava a mandar fazer asneira. Sim porque o fulano sabe tudo!!!
Este tipo de pessoas abunda no nosso país. Os maus profissionais irritam-me solenemente!
Com o vicio de dizer mal sempre á flor da pele, os fulanos tem outra caractristica que não suporto. Conseguem denegrir de forma convicta a empresa para a qual trabalham, conseguem dizer mal de tudo e de todos os que com eles colaboram ou que até lhes proporcionam o único sustento que tem. É um acto de masoquismo que não entendo. Bem, mas não entendo, como não entendo todos os actos de mau profissionalismo. As pessoas que remam em sentido contrario são umas sortudas! Ah pois é! Se não fossem todos os outros que são bons profissionais, e que fazem com que o barco anda na direcção correcta e chegue a bom porto, se a atitude fosse comum, não acredito que houvesse empresa com sucesso. Muito provavelmente estariamos todos a pedir esmola, a questão é a quem? Pois esses indivíduos também não dão nada a ninguém.
Se fossemos todos maus profissionais, ninguém comia! Se fossemos todos iguais, isto era uma grande monotonia…mas tenham dó! Se fossemos todos maus profissionais isto não seria uma monotonia mas sim uma grande miséria…uma grande irritação!
O pior é que esta gente não se enxerga…sabem, tem consciência que os outros são melhores, que os outros se esforçam para atingir melhores resultados, mas a única coisa que fazem é criticar!
Quem acorda mal, adormece ainda pior!
Se cada um cumprir o seu papel, trabalhamos melhor, com mais alegria, somos mais eficientes, temos mais possibilidades de ter melhores condições de trabalho, pois tornamos as empresas com as quais colaboramos mais lucrativas, mais competitivas. É um ciclo vicioso positivo!
Caso contrario o ciclo é negativo, haverá uns que trabalham muito e outros nada fazem, haverá pouca alegria e boa disposição no trabalho, as pessoas fazem o mínimo e indespensavel, as empresas não crescem, sobrevivem, a inveja e os sentimentos negativos abundam. É tudo mau! Não sei quem se poderá sentir bem num ambiente assim!!! Dá menos trabalho e mais prazer fazer bem do que fazer mal! Então porque insistem em fazer mal??? O trabalho não acaba!

domingo, 23 de maio de 2010

Falsos moralismos

Por razões varias tenho andado um pouco afastado das noticias veiculadas pela nossa comunicação social. Como tal posso escrever alguma coisa que não seja totalmente correcta, no sentido de desconhecer alguma informação que não me chegou! No entanto como estive fora de Portugal e tive acesso a outro tipo de comunicação social, mais afastada cá do burgo, mais global, não devo de andar muito longe!!
É com alguma perplexidade que assisto às varias declarações e manifestações anti casamento gay. Não porque eu seja um defensor acérrimo da causa, sou só alguém que não gosta de imaginar que outros não tem ao mesmos direitos e deveres que eu próprio, só porque fazem parte de um “grupo” minoritário da sociedade. E também porque alguém que se julga “senhor” das melhores praticas e costumes acha que há alguém que deve ser marginalizado.
A minha perplexidade, não tem tanto a ver com a facto das vozes se erguerem contra os gays e lésbicas. O que acho mesmo muito mau e de uma grande falta de carácter e personalidade, são as mesmas vozes não se levantarem para criticar ou marginalizar, os praticantes de crimes hediondos dentro do clero.
Propôs-se um referendo, fizeram-se manifestações, contra casamento de gays e lésbicas, contra a lei do aborto, no entanto não vi ninguém das mesmas associações e grupos da moral e bons costumes virem a terreiro pedir sequer punição igual ao comum dos cidadãos para os padres que pelo mundo fora tem cometido o que é em minha opinião um dos mais hediondos crimes, a pedofilia.
São uns hipócritas, pessoas sem nível nem carácter, que se manifestam no sentido de condicionar as decisões e vida alheia com pretextos moralistas e que depois dentro da sua própria casa permitem que se faça tudo e mais alguma coisa, desde que não se saiba, não é grave. Para este tipo de pessoas o grave não é o acto, mas sim o facto de se ter ou não conhecimento dele. São uns tristes. Vivem preocupados com o que não devem, com o que não lhes diz respeito, as touradas, o aborto, o casamento gay. A hipocrisia e a podridão que há dentro da instituição mais poderosa do planeta, não é importante… desde que fique entre muros!!!
Tento compreender todas as correntes de opinião, tento perceber que embora não partilhe das mesmas opiniões haja pessoas que tem o direito de se manifestar e de proclamar as suas opiniões, tal como eu as minhas. O que não percebo e me causa alguma repulsa é o facto de situações idênticas serem avaliadas de forma diferente, dependendo só de quem pratica os actos. Não posso concordar que um pedido de renuncia a um determinado cargo seja a “punição” suficiente para quem durante anos pratica crimes que são punidos pela lei dos homens com penas severas. Não posso aceitar que com o pagamento de determinadas verbas em dinheiro se tente abafar uma pratica que a “lei de Deus” não permite, nem ao comum dos mortais quanto mais aqueles que deveriam dar o exemplo na aplicação dessa mesma lei.
Não são os sectores mais conservadores da sociedade que pedem também uma punição exemplar para os arguidos do processo Casa Pia?
Qual é a punição devida para os praticantes do mesmo tipo de crimes dentro da igreja? E porque é que não são julgados da mesma forma? Será que só existiu um padre Frederico?
E os outros todos que não conhecemos, mas que o Papa aceita a sua renuncia?
O problema da igreja católica é o mesmo da sociedade de forma geral, uma grande falta de respeito pelos outros e muita promiscuidade abafada. As instituições entram em descrédito por culpa própria, nunca por culpa de terceiros. Quem se dá ao respeito é respeitado.
Deixem-se de hipocrisias e olhem para o seu próprio umbigo. Aceitem os seus erros como criticam os erros dos outros: denunciando-os!
Há um provérbio antigo que diz: “ à mulher de César não basta parecer, tem que ser.”
É depois de aplicar este proverbio que os defensores da “moral e bons costumes” devem de abrir a boca para falar do outros!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Esforço!!!!!

O país atravessa uma grave crise!
O país, desde que me lembro está em crise!
Mais uma vez os governantes pedem um esforço conjunto para ajudar a ultrapassar as dificuldades financeiras e economicas que nos assolam!
A nossa crise não é conjuntural, é estrutural. É uma crise de valores e de cultura, pois se assim não fosse todos os “sacrificios” que temos vindo a fazer, a quando das “outras crises”, todos os sacrificios a que nos temos sujeitado, quando outros governantes nos tem exigido o tal esforço conjunto, teriam tido frutos e muito provavelmente não seria necessario mais este.
O que acontece é que temos muito deficite cultural, muito deficite educacional.
Quem nos representa nas mais altas instancias do país é reflexo da cultura que temos, do que somos enquanto país e nação. Há uma grande falta de responsabilização e de empenho para o bem comum. Cada um faz o necessario e o suficiente para defender o seus interesses e de mais meia duzia de pessoas que lhe interessa defender, porque com isso vai tirar proveitos proprios. Por muito que custe admitir somos assim enquanto nação.
A questão é cultural e teremos muita dificuldade em ultrapassar a nossa crise, porque a nossa formação de base e a nossa educação, não tem bases solidas.
Não é formando doutores e engenheiros em catadupa que vamos aumentar as nossas performances enquanto pais desenvolvido.
De que serve ter um montão de pessoas com muita formação académica, se as mesmas são umas “bestas” enquanto seres humanos! De que serve ter um montão de academicos bem preparados se os mesmos não tiverem ginastica mental para por em pratica todos os conhecimentos que adquiriram. De que serve ter um montão de faculdades a leccionar, se os cursos que proporcionam não tem aplicação pratica no nosso tecido social.
Somos um país triste e de tristes. Não conseguimos tirar proveito do melhor que temos, queremos ser sempre melhor que os outros, é isso o mais importante! Esquecendo que não corremos em igualdade de circunstancias, ignorando a nossa essencia.
Para ultrapassar as crises é necessario fazer um diagnostico perfeito das causas, é como uma doença. Quando alguem doente vai a um medico, quanto mais informação fidignia passar ao medico melhor será o diagnostico consequentemente melhor e mais rapida será a cura.
Tapamos o sol com a peneira, porque temos muita dificuldade em nos responsabilizarmos pelos erros, em admitir o que está mal. Como tal o diagnostico nunca pode ser bem feito, a cura sofrerá os efeitos do diagnostico.
Há muita dificuldade em falar verdade, há muita dificuldade em dizer ao medico que uma das provaveis causas das dores de figado que se sofre é por causa das quantidades exageradas de alcool que se consomem diaramente, quando o medico pergunta a resposta é um copito ao almoço e outro ao jantar, “esquecendo” de referir que o conceito de copito é diferente dos demais, um copito significa 0,75 cl do bom do tintol!
É este tipo de atitude que não se aprende nas universidades, é este tipo de atitude que não importa a classe social ou estrato da sociedade, que fazem com que vivamos na mentira permanente, numa crise isseçante.
Enquanto os nossos valores e principios enquanto sociedade não se alterarem, não há crise que resista, por muitos sacrificios que façamos enquanto não começarmos a pensar nos outros e no que será o bem comum, sem hipocrisias e falsos moralismos não sairemos da crise!
Temos que nos aceitar como realmente somos, tentando esqueçer o que gostariamos de ser. Só conseguimos ter sucesso no futuro, vivendo empenhados no presente com as experiencias adquiridas no passado!
O único momento que realmente se vive é o presente! O passado ficou lá atrás, é inaltravel. O futuro não saberemos nunca se o chegaremos a viver. O único momento que podemos condicionar é o presente!
Fazendo com que o presente seja melhor, temos grandes possibilidades de nos orgulharmos do passado, e ter sucesso no futuro se lá chegarmos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Diferenças

Mais uma viagem a Africa, mais uma serie de experiências e vivências, que vão fazendo com que eu esteja como o vinho do Porto! O paralelismo tem a ver com o facto de ambos nos deixarmos transformar, ambos absorvermos o que está à nossa volta.
A primeira vez na Costa do Marfim (Cotê de Ivoire). Cada dia que passa sou surpreendido! Em minha opinião o que torna um local mais aprazivel ou não, não é só a beleza natural do proprio local, são sobretudo as pessoas. São elas que quando são “belas” tornam o que as rodea mais belo. A Costa do Marfim é assim. O local é bonito, as condições naturais fazem com que a paisagem seja muito verde, as arvores e a vegetação rasteira é muito viçosa, há vida por todo o lado. A grande diferença em relação a Luanda é que em Abidjan é uma cidade muito mais civilizada, muito mais perto da Europa, não só na distância fisica mas essêncialmente na distancia cultural.
Em Luanda eu sinto medo, não me sinto seguro, sei que há inumeras regras que tenho que cumprir, a minha liberdade é restringida por todas as regras de segurança que tem que fazer parte do meu quotidiano. Acredito que haja pessoas a quem essas regras não façam “confusão”, que nem se apercebam que as estão a cumprir, a mim fazem, tenho dificuldade em viver com elas. Não porque eu não goste de cumprir regras, mas sim porque não consigo ter mais nada em mente quando por exemplo me tento distrair. A única vez que em Luanda não cumpri o que seria o melhor para a minha segurança, fui assaltado, e a “negociação” do meu assalto demorou 45 minutos. Mas mesmo assim ainda fui um sortudo, pois negociei, há quem não tenha essa oportunidade, leve um tiro na testa ou uma catanada na nuca, sem ninguém se ter apercebido do que é que se passou. Há quem goste, pois que gostem, eu não! Decididamente não gosto de Luanda!
Abidjan, é completamente diferente. Há coisas que para nós europeus são mais ou menos normais, em determinadas zonas das maiores cidades europeias ou mundiais, há locais que não nos são permitidos, há sitios onde a atenção e a segurança tem que ser reforçada. Em Abidjan também é assim. A minha principal preocupação não é a minha segurança, tal como acontece em Luanda, consigo andar na rua distraido, consigo atravessar a rua ou um bairro sem sentir panico! Consigo entrar num restaurante ou bar repleto de locais sem sentir pavor! Consigo pedir o que me apetece sabendo que vou pagar o que toda a gente paga, com o serviço que toda a gente recebe! Consigo sair de um restauranre sozinho e apanhar um taxi para ir para o hotel! Absolutamente normal! As pessoas são muito simpaticas e hospitaleiras, esforçam-se para receber bem. Há pobreza, como por todo o lado, há pobreza como por toda a Africa, mas as pessoas não passam fome, há muita fruta disponivel e o mar também é acessivel a todos, as pessoas sabem e não se importam de trabalhar para conseguir os seus designios.
Também há riqueza como por toda a Africa, só que a ostentação da mesma riqueza não é tão evidente, os ricos também são mais discretos e quando comparados com os Angolanos, muito mais civilizados, menos arrogantes.
Decididamente gosto de Abidjan!
Uma das vantagens de viajar em trabalho, é que temos a possibilidade de contactar com o mundo real. Passamos pelas “mesmas” dificuldades e necessidades que aqueles que lá vivem passam. Contactamos com os que fazem “mexer” o país ou não. Não temos só acesso a areas restritas para turista ver. Temos a possibilidade de frequentar o que o turista normalmente frequenta e o que o nativo ou local nos mostra porque conhece, porque nós pedimos para nos mostrar. A imagem com que se fica é bem diferente daquela que recolhe alguém que vai passar umas ferias ao mesmo local.
Nunca saimos como entramos! Saimos sempre mais ricos, com mais uma visão do nosso mundo global, com mais experiencia, com mais saber, com mais amigos e conhecidos, com mais uma marca ou outra na nossa alma!
Desta vez trouxe mais algumas, mas a mais marcante foi o sorriso de uma miudinha de quatro ou cinco anos, que me oferecia o seu sorriso todos os dias de manhã de forma genuina em troca de coisa nenhuma. Quando eu decidi retribuir o sorriso com uma pequena lembrança, ela deixou de sorri, começou a fazer uma festa! O seu sorriso e a sua alegria está marcada no meu intimo. Quando os meus filhos me exigem o que quer que seja nem sorriem! Quando eu lhes dou até se esquecem de agradecer, quanto mais fazer uma festa!!! Amo os meus filhos mais do que tudo na vida, mas nunca mais vou esquecer o sorriso daquela miuda que nem sei o nome!
Não tenho ninguem que me tenha marcado em Luanda!

domingo, 16 de maio de 2010

Africa

Há locais que nunca se esquecem!
África nunca se esquece. Os contrastes muitas vezes são enormes, é isso que faz a diferença. A paisagem tão depressa é um deserto como, como uma floresta tropical. Tão depressa está um sol radiante, como chove de forma torrencial.
Quando na minha infância ouvia dizer que até que quem por lá passa nunca mais esquece, parecia-me um pouco exagerado. Hoje confirmo. O cheiro da terra, o calor, a humidade, o sol, a chuva, tudo é muito intenso e inesquecivel. Então quem já teve o privilégio de assistir a um pôr do sol, visto de terra para mar, é nunca mais esquece mesmo. È dos momentos mais lindos que a natureza me proporcionou. Espantoso!
Outra das coisas que impressiona é a chuva. Não caem gotas como na Europa, caem baldes de agua! O tamanho das gotas é muito superior, e ás vezes dá a sensação que são muitas torneiras abertas ao mesmo tempo, a agua caie num fio continuo. Enquanto na Europa, quando chove muito, parece que é um regador gigante que o S. Pedro virou cá para baixo. Em África o S. Pedro manda abri as torneiras todas ao mesmo tempo.
Se estiver muito tempo sem chover, e a vegetação estiver seca, quando chove no dia seguinte está tudo verde, dá a sensação que as plantas são de crescimento rápido, absorvem tudo.
Tenho cá para mim que África ou se ama ou se detesta, quanto mais vezes lá vou mais interiorizo essa ideia. Os locais e o que gosto de África, gosto muito. O que não gosto, detesto, não posso mesmo com o que desprezo.
Das cidades e locais que conheço, há umas que gosto mais outras menos, como tudo na vida, mas das cidades e locais Africanos não penso da mesma forma. As cidades de que gosto, não me importava de lá viver, penso que me adaptaria bem. As que não gosto, acho-as insuportáveis não conseguiria adaptar-me, se fosse obrigado a lá viver, tenho a impressão que ia ser a pessoas mais infeliz do mundo!

sábado, 1 de maio de 2010

Opiniões há muitas!

Há coisas na vida que não se explicam, somente se presenciam.
É mesmo assim! Por muito que nos esforcemos para explicar o que estamos a sentir ou o que assistimos, não vale a pena! Nunca iremos conseguir transmitir todos os pormenores, tudo o que nos marcou, não sai em palavras. Não conseguimos transmitir o odor, as cores a temperatura. Tudo isso são condições que nos marcam, que fazem mudar o nosso estado de espírito, que nos fazem mudar de opinião e que não se conseguem transmitir por palavras ou gestos.
Quando nos perguntam a nossa opinião sobre determinado assunto, passa-se mais ou menos o mesmo, ou seja, ao emitirmos a nossa opinião não sabemos, não conhecemos a posição, de quem estamos a tentar ajudar. Por muita informação que tenhamos não sentimos a “coisa” da mesma forma. A nossa opinião sobre qualquer assunto é sempre e só, um lado, uma versão, de varias realidades. Não há ninguém que seja detentor da verdade absoluta, que aquilo que diz seja sempre o mais correcto, que tenha sempre os melhores pontos de vista.
Há é no entanto pessoas que acertam mais do que outras, pessoas que porque estudam mais, porque lêem mais, porque tem mais experiência, porque tem mais vivências, emitem opiniões mais sensatas, mais avalizadas. Mas mesmo essas tem que ser entendidas com o devido distanciamento, tem que ser vistas como opiniões que para o bem e para o mal são emitidas por alguém que não sente o mesmo, que não viveu o mesmo momento, não sentiu o mesmo cheiro.
O que acontece algumas vezes, é que dependendo de onde vem a opinião assim é logo aceite ou rejeitada. Se quem opina é alguém por quem se tem confiança, se é alguém a quem é reconhecida boa “qualidade” de pensamento, grande parte das vezes nem se pensa duas vezes, acaba por julgar mais certa essa mesma opinião. Muitas vezes é um erro.
A opinião dos outros é sempre importante, é uma das formas que temos para evoluir, uma das formas que temos para aprender. O que não quer dizer, que sejam essas opiniões sempre mais certas que as nossas, não quer dizer que haja sempre alguém mais avalizado por decidir por nós. Há alturas que se as duas ou mais opiniões forem ajustadas à maneira de cada um conciliando todas numa só decisão, há o supra sumo da decisão. Há também aquelas opiniões que parecem ser estúpidas, descabidas, mas que quando bem analisadas tem alguma coisa que se aproveita.
Todos somos possuidores de uma opinião, todos somos possuidores de uma verdade! O que é realmente importante, para que haja respeito entre nós é que cada um respeite a opinião dos outros. Mas atenção, respeitar significa ouvir e tentar compreender, o respeito pela outras opiniões não é sinónimo que abandonemos a nossa para seguir as outras. Há que haver sensibilidade de quem oferece a “ajuda” para perceber que uma opinião não é uma ordem, ou seja, lá porque alguém manifestou desejo ou achou sensato ouvir uma opinião diferente da sua, não está concerteza necessitado de receber ordens! Há pessoas que julgam, que quando emitem opinião, por julgarem que a sua é melhor ou mais correcta, tem a tendência para ficarem perturbados quando quem recebeu a dita opinião, não seguiu à risca o que lhe foi transmitido. É muitas vezes o que acontece entre pais e avós. Os avós tem tendência para se esquecerem que também “foram” só pais, quando se manifestam em relação aos netos, os seus filhos têm que ouvir e praticar. Ora isto não é emitir uma opinião é ordenar que se pratique!
Temos todos que ter a sensatez necessária para perceber que cada um é como cada qual, e lá porque a forma de agir ou de pensar não coicide com a nossa, não somos sempre nós que temos a atitude ou ideia mais correcta. Há sempre e para tudo varias maneiras de encarar a mesma situação, o que quer dizer que todas as opiniões podem ser validas, desde que devidamente enquadradas no carácter e espírito de quem decide.
Opinar é bom, mas respeitar também!