quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pais & Filhos

A maior parte dos seres humanos tem como desejo fazer prolongar o seu tempo de passagem pelo planeta, deixar a sua marca, ter alguém a quem deixar o seu legado. Uma das formas de o fazer é procriar, serão os filhos que terão a “incumbência” de continuar a marcar aquilo que foi a presença dos seus progenitores.
Se este era um dos raciocínios dos nossos antepassados, ou pelo menos um dos objectivos, hoje, nos nossos tempos, na nossa sociedade, os filhos ocupam um papel bem distinto. Apesar de não ser explicito, o objectivo de deixar o legado continua a estar implícito no acto de procriar. Educar alguém à nossa semelhança, com os nossos valores, é algo que embora não se diga, está enraizado dentro do espírito de quem quer ter filhos.
Vou tentar falar só, dos filhos que nascem porque essa é a vontade dos seu progenitores. Sobre os que nascem de forma acidental ou até mesmo contrariando a vontade de quem os concebeu, não me quero manifestar, visto desconhecer as razões ou motivações que alguém possa ter para fazer nascer um ser sem antes pensar que “ferramentas” terá para que possa viver.
A educação dos filhos é algo muito pessoal. Gosto de ouvir o que dizem as pessoas a cerca da matéria, adoro ouvir os peudopsiquiatras, gosto da partilha de teorias de como fazer melhor. Todos esses ensinamentos, nos vão fazendo melhorar a nossa actuação, o que é certo é que não há nem milagres, nem teorias que resultem na perfeição.
Tenho dois filhos, são água e o vinho. Os progenitores são os mesmos, os conceitos e os valores que nos regem tem sido transmitidos a ambos da mesma forma. Mas se na essência nos apercebemos que são os dois irmãos, que a base da sua educação é a mesma. O comportamento e a forma de agir de ambos, é de tal forma distinta que “não consigo entender” como é possível diferenças tão grandes com “educação” tão semelhante.
O “genes do carácter” é diferente em todos e ainda bem, como tal a educação que proporcionamos a pessoas diferentes também tem que ser diferente, com vista aos mesmos objectivos. Não penso que haja quem eduque mal os filhos porque ache que assim é que está bem. Há quem não eduque, pura e simplesmente, porque não quer, não pode, não sabe. E os que apesar de todos os erros que cometem tentam sempre fazer o seu melhor.
Se pensarmos um bocadinho, vamos verificar que muito daquilo que somos é o reflexo te tudo o que vivemos ainda sem conhecimento que estávamos a viver, o que vivemos durante a nossa infância mais remota. Todas as influências que vamos bebendo condicionam o nosso comportamento, e isso é assim desde o nascimento.
Há uns anos atrás, a informação que as crianças tinham ao seu dispor era reduzidissima quando comparada com os dias de hoje. Quase tudo o que sabíamos, era só o que presenciávamos, não tínhamos acesso a “outros mundos”, era muito mais fácil para quem tinha a responsabilidade da nossa educação controlar ou direccionar a nossa forma de agir ou de pensar. Hoje não é assim. Os nossos filhos passam mais tempo com “estranhos” do que com os próprios pais, por muito que queiramos “controlar”, não há hipóteses. Por falta de tempo, disponibilidade ou até de paciência, há muitas coisas que passam fora do tal controlo. São muitas dessas coisas, que fazem com que os jovens de hoje não respeitam determinados valores. Nunca lhes foram dados a conhecer. Por outro lado as solicitações de que são alvo são fortíssimas, a televisão, os jogos, o contacto muito mais frequente e desde mais cedo, com colegas e amigos acaba por ter uma influência muitos mais determinante na sua educação do que tinha no “nosso” tempo.
A tarefa de educar não é nada fácil, mas tem que ser assumida em primeira instância por quem teve o prazer da concepção. É a esses que cabe o dever de dotar os filhos das ferramentas necessárias para que os mesmos possam ter uma vida da qual todos se orgulhem, numa sociedade que tem os seus perigos mas tem também muitas coisas boas.
O que não podemos é “tentar” educar os nossos filhos a gosto de terceiros! Não podemos ensinar valores aos nossos filhos que não são os nossos, isso vai baralha-los. Como diz o ditado: “ à mulher de César não basta parecer, tem que ser”. Uma criança ( nem mesmo um adulto) não entende que se diga uma coisa e se pratique o seu contrario.
Tenho fama de ter sido um “pai duro”, não quero saber do que dizem, sei é que hoje, muitas das chatices que tive já não as tenho, vivo descansado porque penso que tem valido a pena. Os meus filhos tem orgulho em ser quem são, tem orgulho nos seus progenitores e nós muito orgulho neles.
Somos todos felizes porque nos temos “esforçado” para isso!
Ser feliz dá trabalho, dá chatices…mas compensa!

5 comentários:

  1. Ola querido amigo!
    Gostei do post na sua generalidade e especialmente do final.... é muito bonito o sentimento que nutres pelos teus filhos e a reciprocidade do mesmo.
    Eu infelizmente não tenho ainda filhos, mas tenho pena....mas acredita que sempre tive a ideia de que era muito difícil educar.... Concordo contigo porque acho que não existem pais perfeitos, nem educações perfeitas, acredito que não haja nenhum pai ou mãe que não faça o seu melhor. Mesmo quando se erra acho que o objectivo e a intenção era a melhor!
    A única parte do post (e porque há sempre uma) que não concordo é quando dizes

    "Vou tentar falar só, dos filhos que nascem porque essa é a vontade dos seu progenitores. Sobre os que nascem de forma acidental ou até mesmo contrariando a vontade de quem os concebeu, não me quero manifestar, visto desconhecer as razões ou motivações que alguém possa ter para fazer nascer um ser sem antes pensar que “ferramentas” terá para que possa viver. "

    Por vários motivos esta frase saltou-me à vista... 1º apesar de parecer não acho que os filhos nasçam apenas da vontade dos progenitores... ok ha uma predisposição para que possa acontecer mas não nascem dessa vontade.... depois, porque não ha filhos de 1ª ou de segunda... ha filhos e filho não é apenas o que sai da barriga é de facto, o que educamos, a quem damos AMOR, por quem nos sacrificamos incondicionalmente.... e olha que muitas vezes penso nisto.... para mim uma mãe ou pai que entregue um filho por não ter condições para o criar... está a dar talvez, uma das maiores provas de amor... aconteceu a concepção, aconteceu não poder criá-lo, mas aconteceu também a tentativa de lhe proporcionar uma vida feliz junto de alguém que o possa amar... e educar e esse sim é o principal papel dos pais. Tirando este pequenino "reparo".... gostava ainda de lembrar que os filhos não são nossos.... nascem de nós ou são educados por nós mas apenas passam na nossa vida pois têem também, a deles..... e durante essa passagem é muito bom podermos orgulhar-mo-nos uns dos outros.
    CG

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  2. Concordo que antigamente era mais fácil educar, apesar da vida ser mais difícil em termos de condições financeiras e do leque de opções e modos de vida que era mais reduzido. O «não e pronto» era mais fácil, o «espera que o teu pai chegue que logo vês» era mais fácil, o «quando eu olho para o meu filho ele até se mija todo» era mais fácil e era hediondo, o cinto e as colheres de pau eram mais fáceis. Até o «vai brincar para a rua que eu logo te chamo quando o jantar estiver pronto», que recordamos com nostalgia, era mais fácil.
    O mundo mudou muito, os estímulos são excessivos, os perigos agigantaram-se mas direi um milhão de vezes: nunca fomos tão bons pais e nunca tivémos tão bons filhos! Tenho 39 anos e nunca a minha mãe se aninhou a meu lado num dia menos bom como eu já o fiz com a minha filha de apenas 7 anos...Clarinha, és M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!

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  3. Os filhos são o meu maior tesouro, disso não tenho dúvidas, nunca pensei que ser mãe me fosse preencher tanto como pessoa. Eles dão-nos as maiores alegrias e também as maiores preocupações, por eles o nosso amor é incondicional e infinito.
    Educar é uma tarefa bastante difícil, quantas vezes me apetece abraçar em vez de ralhar e não o faço por achar assim não consigo ensinar aquilo que acho ser o mais correcto. Passamos muito tempo a fazer cara feia para conseguir transmitir os nossos valores e comportamentos que consideramos mais adequados à vivência numa sociedade que por vezes parece que sobra pouco tempo para as brincadeiras e mimos igualmente necessários.
    Mas o amor esse está sempre presente e é isso o mais importante. Os pais e os filhos têm de sentí-lo como o elo mais forte que os une e que servirá de apoio para toda a vida.

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  4. De uma mãe para outra: houve momentos 'menos bons' em que abraçei e beijei em vez de ralhar e o resultado foi muito bom. Eles são tão vulneráveis que só sabem gritar e bater os pés. Isso é na linguagem das crianças: «tenho medo, estou triste,aperta-me e não me deixes só».

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  5. pior me porto, mais preciso do teu amor !!!!!
    nao me digas ,mostra-me!!!!!

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