Há coisas que irritam mesmo! Então eu, tenho tantas!
Uma daquelas que me irrita profundamente são as interpretações!
Interpretar as palavras dos outros, é uma ciência! Mas pelos vistos há muitos cientistas na área!
O meu texto de hoje foi inspirado numa "boca" que uma amiga, ontem teve a gentileza de me dirigir.
A pessoa em causa, que eu até muito preso, fez o favor de me chamar Salazarista! Digo o favor porque despertou em mim uma vontade imensa de mostrar a quem me lê como por vezes nós podemos ser extremamente injustos na apreciação que fazemos das coisas!
A frase que levou ao dito comentário " Só necessitamos do que conhecemos...", foi interpretada pela a minha ilustre amiga, como sendo um dos desígnios de Salazar, limitar o conhecimento das pessoas para que elas não tivessem necessidades!
Pois é, até poderia ser verdade, de facto poderia se pensar que eu tinha feito esse raciocínio. Mas não fiz! Não fiz por varias razões, mas a primeira delas (com a qual ela concordou, depois de me chamar Salazar) é que felizmente para mim, já vi e passei por algumas situações que a grande maioria das pessoas só vê na televisão! Sou um preveligiado por ter tido essa oportunidade, sem pensar que sou mais ou menos de quem não as viveu o que é facto é que algumas das experiências que vivi me modificaram, e em minha opinião para melhor, tornando-me uma pessoa mais justa e mais tolerante.
Vamos ao que interessa!
A frase " só necessitamos do que conhecemos", só quer dizer o que está escrito!
As crianças de alguns países por onde tenho passado não fazem a mínima ideia que se carrega num botão e se faz luz, não fazem a mínima ideia que há uns "cordéis" que se colocam nos sapatos para nos ajustar o sapato ao pé, não conhecem os atacadores porque nem sabem o que é sapatos! A essas crianças não lhes passa pela cabeça que se roda uma coisa espetada na parede e se bebe água.
Pois é, tu amiga sabes porque também já viste, que estas pessoas não necessitam de torneira porque não tem agua potável, não tem frio nos pés porque os pés tão calejados de andar descalços, mas mesmo assim são felizes! Fazem festas, divertem-se, confraternizam, partilham o pouco que tem.
Eu não penso que deveríamos de abdicar do que temos e do que conhecemos para seremos felizes, o que eu penso é que temos de parar de nos queixar de barriga cheia!
O pessoal de alguns dos locais por onde tenho passado, no dia a seguir a receberem o ordenado já não tem dinheiro, fizeram uma festa e gastaram o que seria ser suposto alimentar um mês inteiro, criticamos e dizemos como são inconscientes, mas eles fizeram a festa, partilharam com os amigos, foram felizes, por pouco tempo mas foram!
Aqui na "selva" como é que é?
Muita da gentinha que anda bem montada, bem vestida e tem um casarão, nem recebe, assim que o ordenado chega ás contas ou é congelado ou redireccionado para pagar as "necessidades" dessas mesmas pessoas!
Qual é a diferença?
O facto de haver uma conta bancaria! E o facto de não terem nem um tempinho para serem felizes!
Só necessitamos o que conhecemos!
Mas também só podemos comentar o que sabemos!
Quem tem o "dom" de adivinhar o que cada um está a pensar quando diz alguma coisa ou tem uma determinada atitude?
Por muito que possamos conhecer alguém, tenho muitas duvidas a que esse tipo de "dom" exista?
Por vezes fazem-se tempestades em copos de agua, só porque tentamos interpretar o que deveria ter sido lido à letra ou o inverso!
A nossa "carola" é complicada demais para que outros a comentar, quantas vezes nos surpreendemos a nós próprios com as nossas reacções ou atitudes? Como é que não surpreendemos os outros!
A única parte do nosso organismo que continua a ser "quase" desconhecida da ciência é o cérebro. Como é que o comum dos mortais se acha com poderes para saber o que vai cá dentro, quando há tanto cientista dedicado ao seu estudo e os passinhos que dão são tão lentos!
Vamos lá deixar de ter a mania que sabemos sempre o que os outros querem dizer!
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