terça-feira, 26 de julho de 2011

A língua Portuguesa!!!

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos “afro-americanos”, com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!
As “criadas” dos anos 70 passaram a “empregadas domésticas” e preparam-se agora para receber a menção de “auxiliares de apoio doméstico”.
De igual forma, extinguiram-se nas escolas os “contínuos” que passaram todos a “auxiliares da acção educativa”.
Os “vendedores de medicamentos”, com alguma vaidade, tratam-se por “delegados de informação médica”.
Pelo mesmo processo os “caixeiros-viajantes” passaram a “técnicos de vendas”.
O “aborto” eufemizou-se em “interrupção voluntária da gravidez”.
Os “gangs étnicos” são “grupos de jovens”.
Os “operários” fizeram-se de repente “colaboradores”.
As “fábricas”, essas, vistas de dentro são “unidades produtivas” e vistas do estranjeiro são “centros de decisão nacionais”.
O “analfabetismo” desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à “iliteracia” galopante.
Desapareceram dos comboios as “1.ª e 2.ª classes”, para não ferir a susceptibilidade social das massas, mas por necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes “Conforto” e “Turística”.
Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: “Sou mãe solteira...” agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da melodia: “Tenho uma família monoparental...”, eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes “crianças irrequietas” e “terroristas”, diz-se modernamente que têm um “comportamento disfuncional hiperactivo”.
Do mesmo modo, para felicidade dos encarregados de educação, os brilhantes programas escolares extinguiram os “alunos cábulas”, tais estudantes serão quanto muito “crianças de desenvolvimento instável”.
Ainda há “cegos”, infelizmente, mas como a palavra era considerada desagradável e até ultrajante, quem não vê é considerado “invisual”. O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o “politicamente correcto” marimba-se para as regras gramaticais!
As “putas” passaram a ser “senhoras de alterne”.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em “implementações”, “posturas pró-activas”, “políticas fracturantes” e outros barbarismos da linguagem.
Assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a “correcção política” e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este “novo português”, não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stresse. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar no que se diz de forma “politicamente correcta”.
Falta ainda esclarecer que os tradicionais “anões” estão em vias de passar a “cidadãos verticalmente desfavorecidos”!
Os “idiotas e imbecis” passam a designar-se por “indivíduos com atitude não vinculativa”
Os “pretos” passaram a ser pessoas de “cor”.
O “mongolismo” passou a designar-se “trissomia 21”.
Os “gordos e os magros” passaram a ser “pessoas com disfunção alimentar”.
Os “mentirosos” passam a ser “pessoas com muita imaginação”.
Os “roubos” passaram a “desfalques” e os que fazem “desfalques” nas empresas e são descobertos são “pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos”.
Para autarcas e políticos, afirmar que “eu tenho impunidade judicial”, foi substituído por “estar de consciência tranquila”.
O conceito de “corrupção organizada” foi substituído pela palavra “sistema”.
Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de “complicado”.

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