domingo, 23 de maio de 2010

Falsos moralismos

Por razões varias tenho andado um pouco afastado das noticias veiculadas pela nossa comunicação social. Como tal posso escrever alguma coisa que não seja totalmente correcta, no sentido de desconhecer alguma informação que não me chegou! No entanto como estive fora de Portugal e tive acesso a outro tipo de comunicação social, mais afastada cá do burgo, mais global, não devo de andar muito longe!!
É com alguma perplexidade que assisto às varias declarações e manifestações anti casamento gay. Não porque eu seja um defensor acérrimo da causa, sou só alguém que não gosta de imaginar que outros não tem ao mesmos direitos e deveres que eu próprio, só porque fazem parte de um “grupo” minoritário da sociedade. E também porque alguém que se julga “senhor” das melhores praticas e costumes acha que há alguém que deve ser marginalizado.
A minha perplexidade, não tem tanto a ver com a facto das vozes se erguerem contra os gays e lésbicas. O que acho mesmo muito mau e de uma grande falta de carácter e personalidade, são as mesmas vozes não se levantarem para criticar ou marginalizar, os praticantes de crimes hediondos dentro do clero.
Propôs-se um referendo, fizeram-se manifestações, contra casamento de gays e lésbicas, contra a lei do aborto, no entanto não vi ninguém das mesmas associações e grupos da moral e bons costumes virem a terreiro pedir sequer punição igual ao comum dos cidadãos para os padres que pelo mundo fora tem cometido o que é em minha opinião um dos mais hediondos crimes, a pedofilia.
São uns hipócritas, pessoas sem nível nem carácter, que se manifestam no sentido de condicionar as decisões e vida alheia com pretextos moralistas e que depois dentro da sua própria casa permitem que se faça tudo e mais alguma coisa, desde que não se saiba, não é grave. Para este tipo de pessoas o grave não é o acto, mas sim o facto de se ter ou não conhecimento dele. São uns tristes. Vivem preocupados com o que não devem, com o que não lhes diz respeito, as touradas, o aborto, o casamento gay. A hipocrisia e a podridão que há dentro da instituição mais poderosa do planeta, não é importante… desde que fique entre muros!!!
Tento compreender todas as correntes de opinião, tento perceber que embora não partilhe das mesmas opiniões haja pessoas que tem o direito de se manifestar e de proclamar as suas opiniões, tal como eu as minhas. O que não percebo e me causa alguma repulsa é o facto de situações idênticas serem avaliadas de forma diferente, dependendo só de quem pratica os actos. Não posso concordar que um pedido de renuncia a um determinado cargo seja a “punição” suficiente para quem durante anos pratica crimes que são punidos pela lei dos homens com penas severas. Não posso aceitar que com o pagamento de determinadas verbas em dinheiro se tente abafar uma pratica que a “lei de Deus” não permite, nem ao comum dos mortais quanto mais aqueles que deveriam dar o exemplo na aplicação dessa mesma lei.
Não são os sectores mais conservadores da sociedade que pedem também uma punição exemplar para os arguidos do processo Casa Pia?
Qual é a punição devida para os praticantes do mesmo tipo de crimes dentro da igreja? E porque é que não são julgados da mesma forma? Será que só existiu um padre Frederico?
E os outros todos que não conhecemos, mas que o Papa aceita a sua renuncia?
O problema da igreja católica é o mesmo da sociedade de forma geral, uma grande falta de respeito pelos outros e muita promiscuidade abafada. As instituições entram em descrédito por culpa própria, nunca por culpa de terceiros. Quem se dá ao respeito é respeitado.
Deixem-se de hipocrisias e olhem para o seu próprio umbigo. Aceitem os seus erros como criticam os erros dos outros: denunciando-os!
Há um provérbio antigo que diz: “ à mulher de César não basta parecer, tem que ser.”
É depois de aplicar este proverbio que os defensores da “moral e bons costumes” devem de abrir a boca para falar do outros!

1 comentário:

  1. Além do mais o mundo não vai acabar como profetizam alguns só porque duas pessoas do mesmo sexo casam, também diziam que o mundo iria acabar quando os pretos e as mulheres pudessem votar e ainda cá andamos!

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