Um destes dias escrevi sobre sobre carácter ou a falta dele. O que me motivou para a dissertação que fiz, teve essencialmente a ver com as relações profissionais, pois foi com o pensamento em alguns indivíduos com quem tenho que trabalhar que escrevi.
Hoje decidi abordar outro assunto que também tenho vivido no campo profissional, por sugestão de uma colega, que muito considero mas não acredita que sou eu que escrevo, vou tentar escrever sobre algumas relações entre colegas.
Há uns anos quando comecei a trabalhar, havia “Gurus”. Indivíduos que por determinadas razões, mais informação, mais formação, mais experiência, mais vontade … e por ai fora, conseguiam desempenhar as funções a que se propunham “melhor” que outros. Estes indivíduos na maioria dos casos não tinham um conhecimento sustentado, o seu conhecimento era muito empírico, adquirido com a experiência, sem muitas vezes se ter a certeza que o que se fazia era o mais correcto, sabendo só que o que antes não funcionava a partir de determinado momento porque se efectuava uma certa operação a coisa já funcionava. Estas pessoas, para manterem o “estatuto” tinham necessidade de esconder o trabalho que efectuavam, tinham receio que alguém aprendesse e lhes tira-se o “lugar”. Esta pratica era comum quando comecei a trabalhar em artes gráficas, nos dias de hoje há uma diferença substancial mas mesmo assim ainda há pessoas por pensarem que são insubstituiveis, na tentativa de preservar a sua posição mantém os “segredos” da profissão.
Diz-me a minha experiência, e as opiniões que vou ouvindo, que os “insubstituiveis” normalmente, se estrepam ao comprido. Tenho por hábito dizer que pelas costas dos outros vejo as minhas. Conheci alguns “insubstituiveis”, digo conheci porque afinal já foram todos substituidos, e na maioria dos casos quem os substituiu melhorou a performance do lugar em causa.
Não tenho duvidas que há pessoas, que pelo lugar que ocupam, pelo seu desempenho, pela experiência adquirida, são mais “importantes” na estratégia de algumas empresas. Pessoas que por aquilo que se empenham, tem papeis fundamentais, sendo “unicos” nos cargos que ocupam. Mais difíceis de substituir, onde quem chega para ocupar o lugar, tem desde logo uma cruz, o nome do antigo ocupante do lugar. As trocas de nome, as comparações, são normalmente o primeiro teste de fogo. Ah! Mas fulano não fazia assim! Nem se lembram como é que ele fazia, mas faz parte do jogo. Estas atitudes colocam pressão na pessoa que está a tentar concentrar-se no seu trabalho, e que além da menor experiência, ainda tem que dar a volta ao ambiente menos favorável que lhe é proporcionado. Tudo isto porque havia um “insubstituivel”, alguém em que as pessoas confiavam muito. A essa pessoa até eram permitidas falhas, deslizes, podia errar sem cair em descrédito, sem que a sua reputação fosse afectada. À mesma tolerância não está sujeito o noviço. Quando falha, quando se engana, é porque não sabe o que está a fazer, um dos comentários que se ouve logo é : “vai ser bonito vai, este fulano não percebe nada disto” . Avalia-se alguém, sem o mínimo critério, só com base numa ou duas atitudes, sem saber o que motivou as mesmas atitudes.
Mas são estes “noviços”, a quem cabe o papel de substituir os “insubstituiveis”, são estas pessoas que quando conseguem superar todas as pressões de que são alvo, todas as dificuldades com que se vão deparando, que se tornam também
elas “insubstituiveis”.
Desde sempre, que sou compra o facto de alguém ser “imprescindivel”, dentro de um departamento ou empresa, é em minha opinião uma má politica. Não só porque a empresa fica suberceviente de um empregado, que tal como todos os outros, tem dias, mas também para esse empregado a sua tarefa é bem mais complicada. Alguém que não tem ninguém com que possa falar, quando tem determinados problemas por resolver, tem uma tarefa muito mais difícil, não tem ajuda, “mata” o seu cérebro muito mais depressa, sem apoio acaba por perder a sua saúde mental muito mais depressa. Todos sabemos que o nosso bem estar psíquico é fundamental para o nosso bom desempenho. Há horas, dias semanas em que o nosso raciocínio tem que descansar, tem que ser quebrada a rotina, do trabalho para recuperar energias.
Se pensaremos um bocadinho, se recordarmos o passado vamos verificar que todos os que por uma razão ou por outra pensávamos ser imprescindiveis ou insubstituiveis, só faziam “falta” porque eram eles que lá estavam. Agora que outros tomaram o seu lugar, são esses outros que ocupam o “cargo”.
Esses outros amanhã também eles vão ser substituídos!
Esses outros somos nós!
Bem sim senhor, é pena que muita gente que conhecemos não leia este post pois na nossa area o que não faltam é "INSUBSTITUIVEIS".
ResponderEliminarParabéns gostei.
Uma coisa podemos ter a certeza, haja o que houver a vida continua e o mesmo acontece numa empresa. Já vivi a "cena" do "Sempre se fez assim" e na grande maioria das vezes sem sequer saberem porquê. Quando se vai ver, o motivo pelo qual se fazia assim, descobrimos muitas vezes que até já deixou de existir, contudo as pessoas continuam com relutância em mudar, em inovar, porque acham que os novos não sabem nada. Também passei pelas situações de "caixinha", pois partilhar conhecimentos é algo que pode dar "poder" aos outros, mas esquecem-se que os outros, por ventura, também poderão possuir conhecimentos que fazem falta, principalmente devido à inovação tecnológica e que todos lucrariam com a partilha, especialmente a organização de que fazem parte. Mas isto requer uma mudança de mentalidades e isso leva tempo.
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